sexta-feira, 2 de julho de 2010

Série "Reforma ortográfica"

Dica do dia
O substantivo 'pôr-do-sol' continua com acento

Entenda a regra

Já se disse que quase todos os acentos diferenciais foram suprimidos pelo Novo Acordo Ortográfico. É bom esclarecer, então, quais foram os que permaneceram - apenas dois, o do verbo "pôr" e o da forma "pôde" (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo).
O acento de "pôr" faz que a forma verbal se distinga da preposição "por". Na letra da canção "Leve", de Chico Buarque, temos a preposição "por": "Não me leve a mal/ Me leve apenas para andar por aí/ Na lagoa, no cemitério/ Na areia, no mormaço". Do mesmo Chico, agora na letra de "Bye-bye, Brasil", está o verbo "pôr": "Eu vou dar um pulo em Manaus/ Aqui tá quarenta e dois graus/ O sol nunca mais vai se pôr/ Eu tenho saudades da nossa canção/ Saudades de roça e sertão/ Bom mesmo é ter um caminhão".
É importante lembrar que o substantivo composto "pôr do sol" continua grafado com acento, dado que o verbo "pôr" é um de seus elementos constitutivos. O mesmo ocorrerá com a forma "soto-pôr", único derivado do verbo "pôr" em que o prefixo fica separado por hífen, motivo pelo qual o acento deve ser empregado. Nos demais, não ocorre acento gráfico: repor, propor, depor, compor, sobrepor etc.
Já a forma "pôde" mantém-se como único caso de acento diferencial de timbre (observe que, no presente do indicativo, dizemos "pode", com /o/ aberto e, no pretérito perfeito do indicativo, pronunciamos "pôde", com /o/ fechado). O motivo da manutenção do acento gráfico de "pôde", entretanto, não é a preservação da sua pronúncia fechada. Essa grafia serve para marcar o tempo passado.
A utilidade desse acento fez que não fosse suprimido na reforma ortográfica de 1971 e que sobrevivesse também a esta. Assim: "Ele não pode fazer isso" (presente) é diferente de "Ele não pôde fazer isso" (passado).Uol Educação

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