Matricular o filho em uma escola bem colocada no ranking do Enem não significa necessariamente uma boa escolha. Especialistas alertam que o desempenho na prova do MEC pode ser um critério na hora da decisão - mas não o único - e lembram que escolas bem classificadas tendem a ser mais exigentes e competitivas.
Márcio Fernandes/AEPara Silvia Colello, Enem não testa valoresDecepcionados com o estilo de ensino adotado por colégios do topo da lista, alguns pais preferem "descer algumas posições" para encontrar um local que consideram mais adequado para seus filhos.
A psicóloga e pesquisadora Renata Rufano orienta os pais a tomarem a decisão sobre a escolha da escola com cautela, após analisar quais os valores são mais importantes para eles. "Os pais têm de saber o que preferem: que o filho seja educado em um ambiente competitivo que busque a excelência ou acolhedor que aceite e trabalhe as diferenças." A partir dessa definição, devem procurar uma escola que tenha o perfil desejado.
Apesar de criticar o excesso de competição entre as instituições, Renata acredita que a divulgação dos rankings do Enem fez com que as escolas passassem a concentrar seus esforços em realmente ensinar um conteúdo, fato que ela considera positivo. Mas ela lembra que os pais, especialmente os com filhos pequenos, devem ter outras preocupações.
"É muito importante que entendam o projeto pedagógico, como a escola lida com a adaptação, a alimentação, as birras, as mordidas. As famílias têm de olhar para questões de cada faixa etária", recomenda a psicóloga.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello afirma que muitos pais têm a ilusão de que vão pôr um filho desde o maternal na "escola certa" e "relaxar" para o resto do vida. "A escola tem de ser acompanhada ano a ano. Às vezes o filho não se dá bem com certo modelo", alerta a educadora.
Para Silvia, deve-se ainda procurar informações sobre diversos aspectos desconsiderados pelo exame. "O Enem não testa valores, compromisso social, respeito à natureza e vários outros fatores relevantes. O melhor critério para um pai escolher uma escola é conhecer o conjunto do projeto pedagógico."
A divulgação por vários anos consecutivos dos rankings por escolas também acaba criando um círculo vicioso: as melhores instituições se tornam as mais procuradas e, por isso, podem selecionar os estudantes que quiserem. "Será que elas estão no topo do ranking pelo trabalho que fazem ou porque elas acabam selecionando os melhores alunos para trabalhar?", questiona a professora.
Distorções. Para Silvia, outro problema do ranking é jogo de competição que ele criou entre as escolas. "Como dependem desse ranking para atrair novos alunos, as escolas fazem um jogo: incentivam os melhores alunos a fazer a prova e desestimulam os mais fracos. Elas acabam criando uma paranoia e impõem um clima de exclusão, não de educação." Esse tipo de iniciativa pode provocar resultados que não correspondem à realidade.
Os resultados gerais também podem sair distorcidos para colégios que aceitam todo tipo de aluno. "Uma escola que faz inclusão, que aceita estudantes com déficit de atenção, síndrome de Down, por exemplo, vai ter uma média mais baixa", explica a psicóloga Renata. O Estadão
Márcio Fernandes/AEPara Silvia Colello, Enem não testa valoresDecepcionados com o estilo de ensino adotado por colégios do topo da lista, alguns pais preferem "descer algumas posições" para encontrar um local que consideram mais adequado para seus filhos.
A psicóloga e pesquisadora Renata Rufano orienta os pais a tomarem a decisão sobre a escolha da escola com cautela, após analisar quais os valores são mais importantes para eles. "Os pais têm de saber o que preferem: que o filho seja educado em um ambiente competitivo que busque a excelência ou acolhedor que aceite e trabalhe as diferenças." A partir dessa definição, devem procurar uma escola que tenha o perfil desejado.
Apesar de criticar o excesso de competição entre as instituições, Renata acredita que a divulgação dos rankings do Enem fez com que as escolas passassem a concentrar seus esforços em realmente ensinar um conteúdo, fato que ela considera positivo. Mas ela lembra que os pais, especialmente os com filhos pequenos, devem ter outras preocupações.
"É muito importante que entendam o projeto pedagógico, como a escola lida com a adaptação, a alimentação, as birras, as mordidas. As famílias têm de olhar para questões de cada faixa etária", recomenda a psicóloga.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello afirma que muitos pais têm a ilusão de que vão pôr um filho desde o maternal na "escola certa" e "relaxar" para o resto do vida. "A escola tem de ser acompanhada ano a ano. Às vezes o filho não se dá bem com certo modelo", alerta a educadora.
Para Silvia, deve-se ainda procurar informações sobre diversos aspectos desconsiderados pelo exame. "O Enem não testa valores, compromisso social, respeito à natureza e vários outros fatores relevantes. O melhor critério para um pai escolher uma escola é conhecer o conjunto do projeto pedagógico."
A divulgação por vários anos consecutivos dos rankings por escolas também acaba criando um círculo vicioso: as melhores instituições se tornam as mais procuradas e, por isso, podem selecionar os estudantes que quiserem. "Será que elas estão no topo do ranking pelo trabalho que fazem ou porque elas acabam selecionando os melhores alunos para trabalhar?", questiona a professora.
Distorções. Para Silvia, outro problema do ranking é jogo de competição que ele criou entre as escolas. "Como dependem desse ranking para atrair novos alunos, as escolas fazem um jogo: incentivam os melhores alunos a fazer a prova e desestimulam os mais fracos. Elas acabam criando uma paranoia e impõem um clima de exclusão, não de educação." Esse tipo de iniciativa pode provocar resultados que não correspondem à realidade.
Os resultados gerais também podem sair distorcidos para colégios que aceitam todo tipo de aluno. "Uma escola que faz inclusão, que aceita estudantes com déficit de atenção, síndrome de Down, por exemplo, vai ter uma média mais baixa", explica a psicóloga Renata. O Estadão
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