segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A BAHIA NA ECONOMIA ECOLÓGICA

Julio Cesar de Sá da Rocha
Professor Universitário. Ex-Dirigente do IBAMA e do INGÁ.

É chegado o momento de compreender que não existe mais espaço para a falta de atenção aos aspectos ecológicos na economia. Necessário ressaltar que os sistemas sócio-econômicos baseiam-se e dependem do meio ambiente, e de outra forma, eles interferem e transformam o seu funcionamento. Chegamos a um dramático ponto limite, no dizer de Ingo Von Müch. As atividades econômicas e seus efeitos adversos precisam ser repensados, de forma a equacioná-los em resultados concretos que direcionem a sustentabilidade. Assim, a Bahia, com seus diferentes biomas, seus estoques hídricos, sua cobertura florestal, suas unidades de conservação, constitui uma oportunidade de investimentos com responsabilidade ambiental.
Todos esses ativos não podem ser tratados sem extrema responsabilidade e eficiência. O Estado atravessou, nos últimos 30 anos, a era da “modernização conservadora”, concentração de poder e redução do espaço democrático. A “Nova Bahia” precisa seguir em frente, com sustentabilidade. O momento atual precisa significar a proteção à diversidade biológica, a cultura da mata em pé, da ecoeficiência com redução de desperdício nos processos produtivos. Como exemplo, no Oeste da Bahia são utilizados onze bilhões litros de água com a irrigação, principalmente da soja, baseada na tecnologia no pivô central. O setor agrícola precisa se inserir num modelo da modernização ecológica. Observamos recentemente, como experiência positiva, o sistema de irrigação por gotejamento do café em Itabela no Extremo Sul da Bahia com utilização reduzida de água. Por sua vez, temos observado os avanços da indústria com o reuso de água.
Em suma, estamos falando que em pleno século XXI só existe possibilidade de um modelo de desenvolvimento social inclusivo e ambientalmente orientado. Não temos dúvida alguma que os próximos quatro anos serão decisivos. Por exemplo, foram desmatados cerca de 40% (quarenta por cento) das matas ciliares no Estado, é um problema bastante significativo, mas na outra ponta, uma excelente oportunidade de iniciar a restauração das florestas, de ampliar negócios ecológicos e empregos verdes. A Bahia tem vocação para o pioneirismo, é chegada a hora de fazermos mais e melhor. Acreditamos que o Governo do Estado dá passos significativos quando começa a efetivar o zoneamento ecológico-econômico, a revisar o plano estadual de recursos hídricos, a implementar o plano estadual de combate à desertificação, monitorar a qualidade das águas dos rios e aqüíferos (programa Monitora), efetivar a gestão democrática e participativa pelos colegiados ambientais, como os comitês de bacia hidrográfica. Estes são sinais de uma Nova Bahia. A Bahia na era da economia ecológica.

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