quarta-feira, 25 de maio de 2011

MAIS MEMÓRIAS...

Minha trajetória estudantil

Por Carla Cinara Luz


O fio do cordão quando puxado vai desmanchando o novelo e uma memória puxa outra,e outra e outras! Lembrei agora do meu primeiro ano na escola, a qual tinha por nome Machado de Assis. Escolinha particular bairrista, em dependências humildes e eu diria até que precárias. Lembrei com carinho da pró Henriqueta, de alguns coleguinhas que na época tinham 3 ou 4 anos e hoje , adultos como eu, são ativos na transformação da sociedade. Lembro do trajeto tão agradável em companhia de uma prima mais velha e muitas outras vezes, de minha querida e saudosa avó. A magia dos primeiros anos de estudo podem perdurar pra sempre e pensando nisso, me propondo a fechar os olhos posso sentir o cheiro da infância de novo, as marcas dolorosas, as peripécias, a descoberta das letras, das palavras... Tudo isso precisa ser mágico! Em seguida foram seis anos na Escola Letícia Teixeira, onde posso dizer que minha base foi construída de modo a me dar a segurança que tenho hoje. Métodos como a Casinha Feliz e sabatina de tabuada nunca me traumatizaram, mas ao contrário me permitiram ter habilidade de leitura e escrita sem dificuldades ortográficas, do mesmo modo como faço contas de cabeça. Lembro que naquela época eu precisava ser boa em alguma coisa, já que não conseguia me sair bem em casa, no convívio com meus pais. Me destacar na escola precisava ser nas notas, pois lá também eu não era muito boa em relacionamento ou qualquer atividade em que eu precisasse me expor. Fico pensando no quanto isso se arrastou! Permaneço aquela esquisitona! Crescida, parei de buscar destaque, reconhecimento. Principalmente depois que vieram dois anos num colégio em que eu era um ET, pois minha realidade econômica e social não era condizente com aquele lugar! Foi dolorosa a experiência. Me senti marginalizada todos os dias, por não ter um M2000 nos pés, uma mochila Company nas costas, nem grana pra comer aqueles lanches caríssimos da cantina que exalavam um cheiro tentador por todas as dependências do colégio. Não lembro bem se as coisas apertaram lá em casa, mas me colocaram no Colégio Euzébio de Queiroz, menos elitizado mas com uma ótima qualidade de ensino. Lá foram só dois anos, mas as amizades duram até hoje. Chegara enfim a hora de enfrentar o ensino médio, e tudo quanto eu não queria era cursar Magistério. Entretanto, sem oportunidades para seguir outros rumos, lá fui eu, no Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, estudar para ser professora! Foram anos deliciosos na desconstrução de uma Carla Cinara apática ao extremo. Conheci muita gente boa, gente humilde, simples, que sabia viver e não poupou em me mostrar que eu também era capaz. Acho que me descobri como pessoa no Magistério... Comecei a “me entender por gente” quando passei a lidar com crianças , agora como mediadora do conhecimento, capaz refletir acerca de mim através daqueles pequenos, colocados sob os meus cuidados. O estágio foi fantástico a nível de crescimento profissional e o reflexo foi um convite logo em seguida para atuar numa conceituada escola particular. Não custei a passar num concurso público e hoje sou feliz como professora, embora decepcionada com muitos aspectos da profissão.Não quero apenas a lembrança de meu passado, mas a reflexão dele. Sei que eu poderia ter seguido outros caminhos, mas se é nesta condição que me encontro, preciso fazer o melhor que me é possível e dar aos meus alunos chances de aprender não apenas a ler e escrever, mas de se educarem e aprenderem para a vida!Certo que vieram a graduação e especialização, e não desprezando-as, mas ser professora é um exercício do dia a dia, na sala de aula e no pátio, enxergando e compreendendo a criança como ser em formação, com suas limitações e potencialidades singulares. Meu maior e melhor estudo são elas, e sempre ratifico que aprendo sempre mais do que ensino!

Nenhum comentário:

Postar um comentário